
Apesar do discurso oficial de contenção de gastos, necessidade de mais impostos e da adoção de medidas de austeridade que impactam áreas sensíveis como a educação, por exemplo, o governo federal do presidente Lula já gastou mais de R$ 55 milhões só com o cartão corporativo da Presidência da República, entre janeiro de 2023 e abril de 2025. Os dados são do Tribunal de Contas da União (TCU) e foram obtidos com exclusividade pela revista Veja.
Segundo o levantamento, nos 16 meses a média mensal de gastos com o cartão foi de aproximadamente R$ 1,98 milhão, valor que contrasta diretamente com o discurso de crise fiscal e falta de recursos para investimentos sociais. No mesmo período, a Vice-Presidência teve despesas que somam R$ 394 mil.
Além dos valores elevados para um país atolado em crise finaceira, política, internacional e judiciária, chama a atenção o sigilo sobre os gastos. De todo o montante gasto pelo gabinete do presidente Lula, 99,55% foi classificado como confidencial, o que impede a identificação de quem recebeu os pagamentos e quais serviços ou produtos foram adquiridos. O Portal da Transparência, inclusive, não traz detalhamentos sobre os itens, datas precisas ou justificativas para os dispêndios. Em alguns casos, como uma despesa de R$ 35 mil em um posto de gasolina em São Paulo, sequer há nota fiscal pública.
Agora imaginem o que o presidente Lula, sua Jana e seus assessores fazem em um posto de combustivel em São Paulo e um gasto de R$ 35 mil? Dá de acreditar?
A falta de transparência tem gerado críticas e levou o TCU a cobrar do Executivo a divulgação das informações. O tribunal determinou um prazo de 120 dias para que o governo passe a informar regularmente os gastos mensais e detalhe as despesas realizadas com cartões corporativos. Segundo a Corte, o sigilo só deve ser mantido em situações que envolvam segurança nacional e, ainda assim, os dados deverão ser tornados públicos após o fim do mandato presidencial.
O volume de recursos públicos utilizados de forma pouco transparente contrasta com as recentes medidas de contenção de despesas anunciadas pelo próprio governo, que atingem programas sociais, repasses para a educação, infraestrutura e investimentos estratégicos. O caso reacende o debate sobre a prioridade no uso do dinheiro público e o compromisso com a transparência administrativa.
Despesas oficiais do presidente seguem outro caminho orçamentário
Apesar da elevada cifra gasta com o cartão corporativo, é importante destacar que as despesas relacionadas às agendas oficiais do presidente da República, como viagens internacionais, hospedagem, passagens aéreas, segurança institucional e eventos, não são custeadas por esse meio de pagamento.
Esses tipos de gastos são cobertos por rubricas orçamentárias específicas, previstas nos Ministérios correspondentes, seja das Relações Exteriores, Casa Civil, Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e Secretaria de Comunicação, e seguem os trâmites formais da administração pública, com empenho, liquidação, pagamento e, em tese, prestação de contas via sistemas como o SIAFI e o Portal da Transparência.
O cartão corporativo, por sua vez, é uma ferramenta criada para pagamentos emergenciais e despesas "pequenas" do dia-dia, como ir passando em uma rodovia por aí e quer comer um milho assado, daqueles que vendem às margens da rodovia. :Gegeralmente relacionadas a atividades da Presidência e da segurança do chefe do Executivo. No entanto, a falta de detalhamento e o uso excessivo de sigilo sobre essas despesas têm gerado dúvidas quanto à real destinação dos recursos.
Na prática, isso significa que o gasto de mais de R$ 55 milhões com cartão corporativo em pouco mais de dois anos não corresponde aos custos declarados de viagens presidenciais ou ações protocolares, mas sim a despesas ainda não explicadas publicamente.
A ausência de transparência e o uso constante do sigilo dificultam a fiscalização por parte da imprensa, dos órgãos de controle e da própria sociedade, ampliando a pressão sobre o governo para que adote medidas de clareza e prestação de contas.
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